Há males que vem para o bem?
- ozmundo7
- 10 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de jun. de 2020
Dar um respiro da dura realidade com uma pior ainda pode fazer bem ao nosso aprendizado.
Agora tendo de ficar em casa, perdemos a chance de ver a beleza do mundo lá fora, engraçado que agora que estamos em casa o mundo se recupera da ação humana. Só agora nos damos contas das coisas que não nos importávamos ou não víamos antes porque estávamos ocupados demais correndo com a vida.
Árvores de outono florescendo em seu brilhante céu azul com nuvens perfeitas, o sol quente no rosto em contraste com o vento frio deixando o tempo agradável. O barulho do trânsito nas avenidas, o colorido dos grafitis nas paredes retratando histórias... Eu tenho que admitir que sinto falta até das longas viagens que fazia de ônibus voltando da faculdade, agora as viagens de ida em pé com ônibus lotado ainda não vivi o bastante para sentir falta.
Obedecer a quarentena para mim não tem sido um grande sacrifício, como está sendo para a maioria. Tenho medo de circular por aí, por mim mesma e por minha avó. E me deixa completamente frustrada que nem todo mundo tem esse cuidado e esse pensamento com as outras pessoas e me entristece que por causa disso, muito brasileiros ainda vão morrer com a “gripezinha”.
Esse é um tempo que exige recolhimento, observação e reflexão. Já tenho o costume de observar e refletir sobre o comportamento das pessoas desconhecidas ou não, sempre tentei cogitar respostas para a maneira de como agem. Na situação atual, entendo ainda menos o porquê de não respeitarem as medidas de isolamento e saírem na rua como se nada estivesse acontecendo.
Antes ninguém se importava em sair para correr, ou até mesmo dava a conhecida desculpa “não tenho tempo”, ou mesmo para visitar parentes que nem se importava em ver antes. Agora você tem tempo, mas você não deve fazer por um motivo óbvio: temos um inimigo invisível e não, não é teoria da conspiração.
Talvez o “bom senso” que já estava em falta, se faz ainda mais ausente do que o álcool em gel. Não é preciso que alguém nos trate como crianças pequenas para sabermos que não podemos fazer algo. Não se trata mais do direito de ir e vir, ou de fazer o que quisermos mas sim de autopreservação.Você vai a um beco sabendo que tem um bandido lá? Você anda doente na chuva fria sabendo que seu quadro pode evoluir para uma pneumonia?
A humanidade nunca foi mais testada de tantas formas possíveis e de uma maneira tão doida. Ao termos cuidado conosco e com nossos familiares e vizinhos, estamos sozinhos para passar por isso. Mas ao mesmo tempo não estamos, já que todos estamos passando pelo mesmo. Nos momentos de crise é que aparecem nossos verdadeiros “eu’s”, aqueles que trabalham, aqueles que se cobram, aqueles artistas, aqueles curiosos, aqueles criativos, aqueles solidários, todos juntos em um único indivíduo.
Mesmo que a palavra reinvenção nos cause calafrios, é hora de pensar nisso mais uma vez. Somos naturalmente resistentes à qualquer mudança que possam surgir, mas depois que tudo isso acabar, nada mais vai ser como foi antes. Vamos rever a maneira como nos comportamos, nos relacionamos e como fazemos as coisas.
Mesmo recolhidos dentro de nossos lares, precisamos seguir em frente da maneira que pudermos. Até ficarmos prontos para enfrentar um novo mundo em alguns meses. Mais sóbrios e com atitudes diferentes consigo mesmo e com os outros depois de tudo o que vimos e vivemos.
Uma saída brusca dessa situação não existe e nem surgirá tão cedo, vai acontecer de maneira gradual como a maioria das coisas na nossa vida, elas precisam ser bem trabalhadas. O mais triste é que, depois desse respiro e reflexão haverá pilhas gigantes de corpos ao nosso redor, daqueles que não quiseram aceitar ou que não puderam lutar... Mas ainda há esperança que poderemos algum dia sair para fora e respirarmos aliviados, mesmo que isso demore.

Foto: Reprodução da Internet, Shutterstock
Escrito por: Brunna dos Santos
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